Será criado um imposto sobre os pets no Brasil?

📅 Publicado em: abril de 2025
✍️ Por Patrimone Contabilidade

Nas últimas semanas, um tema inusitado ganhou destaque nas redes sociais e nos noticiários: o risco de um “imposto sobre pets” no Brasil. A discussão veio à tona após o lançamento oficial do Cadastro Nacional de Animais Domésticos, o chamado SinPatinhas, e muitos tutores de cães e gatos começaram a se perguntar: “Será que vamos ter que pagar para ter um animal de estimação?”

Embora nenhum imposto tenha sido criado até o momento, é importante entender o que está por trás dessa iniciativa do governo e por que a preocupação com uma possível “taxa pet” tem ganhado força.

O que é o RG dos Pets?

Em abril de 2025, o governo federal lançou oficialmente o SinPatinhas, uma plataforma online que permite o cadastro de cães e gatos de forma gratuita e voluntária. O sistema gera um “RG Animal”, com número de identificação único e um QR Code que pode ser colocado na coleira do pet.

Além de facilitar a localização em caso de perda, o cadastro associa o pet ao CPF do tutor e permite o envio de informações sobre campanhas de castração, vacinação e microchipagem.

O programa também está ligado ao ProPatinhas, uma política pública voltada para o bem-estar animal, controle populacional e combate ao abandono de animais.

Até aqui, tudo parece uma boa notícia para os amantes de animais — mas há um detalhe que acendeu o alerta.

A preocupação com a criação de um imposto

Apesar de não mencionar nenhum tipo de tributo, a lei que institui o Cadastro Nacional de Animais Domésticos prevê o armazenamento de dados sensíveis como CPF do tutor, endereço e até o uso de microchips.

Esse nível de detalhamento levantou dúvidas: será que esse cadastro abre caminho para a criação de um imposto sobre a posse de pets no futuro?

Não é uma ideia sem precedentes. Na Alemanha, por exemplo, já existe a chamada “taxa pet”, que arrecada bilhões de euros por ano e é usada para promover políticas de bem-estar animal. Lá, os tutores pagam um valor anual por animal — em algumas cidades, esse valor pode ultrapassar R$ 3.000, especialmente no caso de raças consideradas perigosas.

O impacto que um imposto traria para o Brasil

Imagine se uma “taxinha” de apenas R$ 100 por pet fosse implementada no Brasil. Com base na pesquisa Radar Pet 2020, que aponta mais de 37 milhões de lares com cães ou gatos, a arrecadação poderia ultrapassar R$ 3,7 bilhões por ano.

Mas ao mesmo tempo em que soa lucrativo para os cofres públicos, essa medida poderia gerar uma série de problemas sociais e econômicos:

  • Desestímulo à adoção: Famílias de baixa renda poderiam desistir de adotar ou manter seus animais, agravando o abandono de pets nas ruas.
  • Aumento de animais abandonados: O custo adicional poderia ser insustentável para tutores que já enfrentam dificuldades financeiras.
  • Desemprego no setor pet: Clínicas veterinárias, pet shops e ONGs de proteção animal poderiam sentir os efeitos da queda na procura por serviços e produtos.
  • Privatização do afeto: Ter um animal de estimação deixaria de ser um direito e passaria a ser um privilégio para quem pode pagar.

E quanto à segurança dos dados?

Outro ponto de atenção é a quantidade de dados exigidos no cadastro. Informações como CPF, endereço e até dados sobre a morte do animal são obrigatórias.

Isso levanta uma questão séria sobre a proteção da privacidade dos tutores, especialmente em um país que ainda enfrenta falhas em segurança cibernética e proteção de dados.

Sem garantias concretas de proteção, esses dados podem acabar sendo explorados de forma indevida — inclusive para fins de cobrança futura.

Afinal, vai ter imposto para pets ou não?

Por enquanto, não existe nenhum imposto criado sobre animais de estimação no Brasil. O próprio Senado se apressou em esclarecer que o objetivo do cadastro é apenas facilitar políticas públicas de bem-estar animal.

No entanto, o risco não pode ser totalmente descartado. Um cadastro tão detalhado poderia ser usado, futuramente, como base para justificar a criação de uma “taxa pet”, com o argumento de financiar campanhas de vacinação, castração e combate ao abandono.

Como a sociedade pode reagir?

Se o objetivo é proteger os animais, existem alternativas mais eficazes e menos onerosas, como:

  • Parcerias com ONGs para campanhas de adoção e castração;
  • Investimentos públicos em abrigos e centros de proteção animal;
  • Políticas de educação para guarda responsável.

É essencial que a sociedade acompanhe de perto essa discussão, pressione por transparência e participe dos debates públicos sobre o tema.

Conclusão

O Cadastro Nacional de Animais Domésticos pode ser um passo importante para o bem-estar dos pets no Brasil — mas também levanta um alerta. Embora nenhum imposto tenha sido criado até agora, o cenário exige atenção e vigilância.

Afinal, o amor por um animal de estimação não pode — e não deve — se transformar em uma nova obrigação tributária.

E você, estaria preparado para pagar imposto sobre o seu pet?

LEIA MAIS